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Origem e Difusão do Samoieda – Raças de Pets

Olá pessoal!

Depois que a Misty entrou em nossas vidas, muitas pessoas demonstraram interesse sobre a raça dela. Os Samoiedas ainda não são tão difundidos no Brasil como outras raças do mesmo grupo (Husky Siberiano, por exemplo) e por isso eu e o meu marido pesquisamos e fizemos um artigo explicando sobre a Origem e a Difusão dos Samoiedas no nosso antigo blog. Como foi um dos artigos mais visualizados, resolvi colocar aqui pra vocês conhecerem ou reverem, caso vocês tenham visitado o blog anterior!

Para começar vamos falar brevemente sobre sua Origem e, posteriormente, sua difusão até o Brasil. Existem muitos detalhes sobre esse lindo cão da Sibéria!

O Samoieda é uma raça primitiva, isso significa que é uma raça que tem o caráter das primeiras eras, uma das mais antigas raças que se tem conhecimento, datando de milhares de anos antes de Cristo. Sua continuidade se deve, principalmente, a três países: Rússia (Sibéria), Inglaterra e Estados Unidos.

SIBÉRIA

Região do Rio Yenisei
Região do Rio Yenisei

Os primeiros cães dessa raça foram criados pelas tribos nômades chamadas “Samoyedos“, que habitavam as planícies (“estepes”, caracterizadas pela ausência de árvores de grande porte) da Sibéria ártica (região que se assemelha ao “pampa” sul-americano). A região que estas tribos ocupavam se estendia desde o mar Branco até o rio Yenisei (Ienissei), ou seja, do norte até a parte central da Sibéria.

Não se deixe enganar pela região “norte” porque, nós brasileiros fazemos referência à região quente, porém o norte da Sibéria (que fica inteiramente na parte asiática da Rússia) é extremamente frio, com clima que varia do polar para continental. É na Sibéria, inclusive, que se encontra a região permanentemente habitada que possui o recorde de temperatura mais baixa do mundo.

Agora que já nos localizamos geograficamente, vamos voltar à história: os “Samoyedos” (ou “Samoiedos”) criavam cães chamados “Bjelkier” (leia-se, bielker), que significa “cão branco que se reproduz branco”. Já os Russos chamavam de “Voinaika“, que significa liderança ou cão de guerra. As pessoas dessa tribo tinham estatura baixa, eram muito simpáticas, sociáveis, calmas e bondosas, tratavam muito bem seus cães e não permitiam que eles cruzassem com lobos ou com os cães de outras tribos, fato que contribuiu para a fixação de características que foram preservadas até hoje.

Família Samoiedo, foto sem data
Família Samoiedo, foto sem data.

Uma das principais funções dos cães Bjelkier na tribo era servir ao pastoreio, escoltando os rebanhos de renas (caribu), mas eles faziam muito mais, como caçar, puxar trenós e, afetuosamente, aquecer as pessoas.

A quesito de curiosidade, cães como o Husky Siberiano também foram criados
em tribos e eram utilizados para finalidades parecidas com as dos Samoiedas


Os cães dos Samoiedos faziam parte do convívio familiar dos membros da tribo e eram tratados com muito respeito. Diferentes deles, algumas tribos usavam cães durante a época de trabalho, normalmente verão, e, quando não usados, os cães tinham que cuidar de si mesmos… Os Samoiedos eram o oposto: cuidavam com carinho de seus cães, não importava a ocasião. Tinham uma ligação forte, comandavam os cães utilizando a voz e confiam suas casas (chooms) a eles, já que alguns eram utilizados para vigiar o acampamento. Além disso, a tribo confiava suas crianças aos amados cães, já que muitas vezes eles adentravam nas casas para servir de aquecedor para a família, principalmente para crianças e idosos.
Como se não bastasse tanta consideração da tribo para com seus fiéis companheiros, os Samoiedos cuidavam e respeitavam a condição física de seus cães, ordenando posto de trabalho para cada cão de acordo com sua idade e estado de saúde: os maiores e mais fortes puxavam trenós para transporte ou caçavam; outros cuidavam dos rebanhos, vigiavam e brincavam com as crianças. Os mais velhos eram dispensados do trabalho, assim como as cadelas que estavam prenhas ou amamentando seus filhotinhos. Por conta desse tratamento, foram criados laços fortes entre a tribo e seus cães. Eram muito apegados uns aos outros.
No século XVIII, os russos iniciaram a exploração da Sibéria e tomaram contato com os adoráveis Bjelkiers. Os atributos, a personalidade e a beleza exuberante cativaram a família do Czar, que ofereceu proteção à tribo, recebendo em troca, muito raramente, um exemplar de samoieda para algum membro da nobreza europeia.

AS EXPEDIÇÕES

Fridtjof Nansen (1861-1930)
Fridtjof Nansen (1861-1930)
O Ocidente tomou conhecimento do Samoieda por meio do cientista e aventureiro explorador Fridtjof Wedel-Jarlsberg Nansen, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1922. Este destemido norueguês foi o precursor da primeira expedição polar norueguesa e conseguiu, com êxito, aproximar-se do Pólo Norte mais do que qualquer ser humano até então, mesmo com toda a incredulidade que enfrentou na época.
Nansen, em sua primeira expedição, levou 40 cães Bjelkiers, pois os amados companheiros dos nômades asiáticos possuíam uma reputação inabalável, tanto por seu porte físico quanto por seu comportamento para com os humanos. Nansen adquiriu-os por meio do russo Alexander Trondheim, responsável por conseguir exemplares para a família Czar. A esta altura os russos denominaram a tribo dos famosos cães de “Samoyede“, que significa “auto-suficiente”, já que se encontrava isolada.
A reputação que os Bjelkiers adquiriram na expedição de Nansen foi criada pelo próprio aventureiro ao passo que relatou seu feito, ainda não conquistado por outro homem, a outros exploradores. Assim, grande parte das expedições ao Antártico e Ártico foram influenciadas pelo comportamento heroico dos cães. Apesar da grande importância desses corajosos animais, nenhuma homenagem foi prestada a eles. Além disso, brutalidades eram acometidas o tempo todo durante as expedições, afinal, os exploradores não tinham a mesma intenção e o mesmo cuidado e carinho pelos cães como a tribo dos Samoiedos tinha para com eles.

INGLATERRA

Ernest Kilburn Scott e Sabarka
Ernest Kilburn Scott e Sabarka
Apesar da expedição de Nansen ter levado um pouco de informação sobre os destemidos cães Bjelkiers ao Ocidente, foi o cientista inglês chamado Ernest Kilburn-Scott que colaborou grandiosamente e foi o responsável pela apresentação e difusão da raça para a outra parte do mundo. Membro da Royal Zoological Society, este cientista-zoólogo realizou uma série de viagens por toda a região de origem destes cães, convivendo com eles em condições climáticas extremas para poder observá-los.
Em 1889, Kilburn-Scott realizou uma viagem a Archangel. Foi lá que viu um cão com o qual se encantou e sensibilizou, pois ele seria sacrificado num ritual religioso. Ernest negociou o cachorrinho com a tribo, oferecendo alguns de seus pertences. Assim, quando regressou à Inglaterra, o primeiro samoieda inserido naquele país foi nomeado “Sabarka“, que em russo significa “o mais gordo”.
Uma curiosidade à respeito da pelagem: os samoiedas utilizados nas explorações dos aventureiros que foram adquiridos de tribos localizadas mais ao lado ocidental da Sibéria eram, normalmente, de cores preto ou castanho (chocolate). Sabarka, como se observa na foto ao lado, tinha uma pelagem mais escura. Entretanto, o já mencionado Alexander Trontheim, russo responsável pela escolha dos cães que eram presenteados aos nobres, comprava-os nas tribos que habitavam o noroeste da Sibéria, que só possuíam cães de cor creme, branco e biscoito, únicas cores aceitas pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), cujo documento do padrão oficial da raça especifica “cor: branco puro, creme ou branco com biscoito (a cor de fundo deve ser branca com ligeiras marcas biscoito). Jamais deve dar a impressão de ser bege”.
Com o tempo, Ernest Kilburn-Scott adquiriu mais Bjelkiers e, nos anos que se seguiram, fundou o canil “Farningham Kennel” e iniciou uma criação seletiva a fim de estabelecer o padrão da raça, apresentando-os em exposições e dando continuidade a seus estudos. Em 1901, do acasalamento de Whitey Petchora com Musti (de cor branco-neve) nasceu, pela primeira vez na Inglaterra, filhotes totalmente brancos. Finalmente, em 1909, Ernest decidiu mudar o nome “Bjelkier” para “Samoyede”, homenageando as tribos que iniciaram sua criação. Foi assim que se iniciou o “Samoyede Club“.
O Kennel Club, em 1912, aceitou o nome que passou a ser oficialmente a designação dos Bjelkiers fora da Sibéria, reconhecendo os “Samoyede” como uma raça distinta. Onze anos depois (em 1923), o Kennel Club retirou o último “e” do nome, alterando o nome oficial para “Samoyed“, que é utilizado até os dias de hoje.
Mais uma curiosidade, dessa vez a respeito do nome: a pronuncia correta em inglês ignora o som “oy”, porque não existe na língua nativa. Portanto, deve-se ler “sammy-yed”. Esta é a razão dos aficionados pela raça apelidarem esses cães de “sammy” / “sammies”. Ouça a pronúncia correta no player abaixo:

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ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

A vinda dos Samoyeds (nossos “Samoiedas”) para a América do Norte aconteceu de um forma inusitada por meio da princesa de Montyglyon, Mercy d’Argentau.

Mercy, princesa hereditária do Sacro Império Romano, estava apresentando alguns de seus cães (dentre as várias raças que possuía estão Collie, Chow-Chow e Cocker Spaniel) em um “Dog Show” na Rússia, mais precisamente em St. Petersburg no ano de 1902. Ela se derreteu por um belíssimo cão branco que a seguia. O nome dele era Moustan e Grão Duque Michael, irmão do Czar Nicholas II, era seu proprietário.

Grand Duke Mikhail Alexandrovich Romanov
Grand Duke Mikhail Alexandrovich Romanov

Existem relatos que afirmam que “Grand Duque” presenciou a cena e disse à princesa que Moustan parecia encantando por ela. Prontamente a princesa respondeu que pagaria o que fosse para ter um cão como aquele, mas que sabia que ele não estava à venda. Dias depois, quando a princesa entrou no comboio que a levaria de volta à Bélgica, encontrou uma grande cesta enfeitada com muitas orquídeas e rosas. Por entre as flores, uma cabeça peluda e branquinha. Era Moustan! Tinha com ele um cartão, preso em sua coleira, que dizia: “Moustan não está à venda. Nenhum preço poderia ser pago por ele, mas muito honrados ficaríamos os dois, se o aceitasse”. Após dois anos, em 1904, Mercy d’Argentau se mudou para os Estados Unidos da América e levou consigo Moustan e três outros Samoiedas que havia adquirido. Moustan, que já era um grande campeão russo, passou a participar das exposições caninas americanas. Ele foi o primeiro cão da raça Samoieda a ser registrado no American Kennel Club (AKC), fato ocorrido em 1906. Depois de alguns anos, em 1923, foi criado o “Samoyed Club of America” em New York.

RESULTADO

Entra aqui um detalhe importante. A chegada dos Samoiedas à Inglaterra e posteriormente aos Estados Unidos acabaram por colaborar para que dois tipos morfologicamente diferentes de Samoiedas se desenvolvessem naturalmente por conta da mudança de finalidade para o cão. Kilburn-Scott os denominou de “tipo urso” e “tipo lobo”.

Os ingleses se deixaram seduzir pela beleza e pelo temperamento afável destes cães e os converteram em cães de companhia, afinal já havia outras raças que ajudavam a cumprir as necessidades de trabalho dos ingleses. Em contrapartida, os norte-americanos viram no Samoieda, primeiramente, um excelente cão de trabalho e, em segundo lugar, um cão de companhia / exposições.

O resultado disso: o “tipo urso” (inglês) é um pouco menor em relação ao “tipo lobo”, sendo compacto, com pelagem abundante mas, normalmente, com pouco volume. A cabeça é rigorosamente cônica, as orelhas são menores e mais distanciadas. Seu movimento é mais compacto, causando, muitas vezes, falta de credibilidade em sua capacidade de puxar trenó.

Já o “tipo lobo” (americano), possui estrutura mais robusta e potente, com movimento gracioso. A textura de sua pelagem é mais dura. As orelhas são mais próximas e o focinho é maior em comprimento. O crânio é mais estreito, ocasionando na cabeça menos cônica.
Samoiedas

Enquanto os Samoiedas encontraram grandes protetores nesses dois países, eles quase foram dizimados em seu país de origem, a Rússia. Com a saída do Czar e a entrada dos comunistas ao poder, em Moscou tinha chegado a tão modificadora revolução industrial. Os cães de trenó passaram a simbolizar um passado primitivo e que deveria ser esquecido para ser substituídos por motores e veículos.

Muitos cães foram abatidos cruelmente por toda a Rússia. Mas, por sorte, graças à vastidão, ao frio extremo e à dificuldade de acesso aos territórios localizados mais ao norte, algumas regiões conseguiram escapar dessa inescrupulosa ação.

Após a Primeira Guerra Mundial, as importações dos Samoiedas diminuíram bruscamente e não influenciaram significativamente o desenvolvimento da raça no ocidente. Alguns historiadores afirmam que todos os Samoiedas de hoje são descendentes de 12 exemplares importados antes de 1914. Todos eles estavam sob posse de criadores ingleses. Vários eram veteranos das expedições polares, alguns eram de criadores ingleses e os outros foram fornecidos por Alexander Trontheim.

BRASIL

“Mas como essa raça de tão longe chegou ao Brasil?” – vocês devem estar se perguntando… Eis a resposta: foi graças ao Sr. Werner Degenhardt, que introduziu os Samoiedas no nosso país em 1975 e passou a difundi-los desde então. Werner fundou “Bjelkiers Kennel”, em São Paulo, que foi o primeiro canil de Samoiedas a ser registrado no Brasil.

Nanook e Freya foram os primeiros Samoiedas de Werner a acasalarem e terem os primeiros filhotinhos do Bjelkiers Kennel nascidos em solo brasileiro! Ah! O nome do canil faz referência à denominação dada aos Samoiedas pelas tribos que os criavam na Sibéria, lembram do início do post?

Os cães de Degenhardt recebiam muitos prêmios e chamavam muita atenção nas exposições de cães! Assim, esses sorridentes ursinhos brancos foram ficando cada vez mais conhecidos no Brasil e cativando mais e mais pessoas! Até que outros canis foram sendo criados com a intenção de incentivar e propagar a raça no nosso país!

“World Dog Show 2004” teve a
participação
de mais de dois mil
cães das mais variadas raças.

Um exemplo foi a médica veterinária Isabella Abritta, proprietária de Frost que, a partir de 1993, foi vencedor de várias finais de exposições. Outro marco importante aconteceu em 2004, dessa vez com a fêmea brasileira Belle Jushka do Les Amis. Ela foi Campeã Mundial, dentre as mais de 40 Samoiedas provenientes dos mais variados países, na competição “World Dog Show” que aconteceu no Rio de Janeiro. Este evento é realizado todo ano e tem países-sede diferentes em cada edição! Antes de 2004, o “World Dog Show” tinha acontecido no Brasil só em 1972.

Infelizmente em 2006 o Sr. Werner Degenhardt faleceu… Mas ele deixou uma grande herança por aqui! E cada vez ela cresce mais!! Antes, a criação dos Samoiedas era concentrada em São Paulo e, aos poucos, foi se espalhando… Hoje, há canis em vários estados do Brasil!

Existem muitas citações em sites estrangeiros falando sobre os Samoiedas brasileiros! Seja como menção à premiações ou até mesmo comentários de pessoas contanto que adquiriram Samoiedas importados do Brasil! Que orgulho, não?!

Gostaram de conhecer um pouco mais sobre a história dos ancestrais da nossa Misty? Temos mais posts que produzimos para o antigo blog e que, aos poucos, vamos liberando aqui pra vocês! – vão entender inclusive porque eles são chamados de “cão que sorri“! – O que acharam da raça? Já conheciam?! Ficaram com vontade de abraçar um? Quando vi uma foto pela primeira vez morri de vontade de agarrar! Contem aqui pra mim!
Até a próxima! *Hoot-hoot*

Atualizado em 25 de agosto de 2014 por Luciene Sans

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